31 julho, 2006

SORRIO





contorcendo o braço esguio
nos lençóis azuis e densos,
leito alegre, dorso bravio,
delicados cachos suspensos
bio-gotas chorosas, no cio
das águas, cálido, intensos
gozos, vazas do amor. Sorrio

BRANCO ATENTO







No varal, suspensa


A força, a destreza,

a verde certeza

de um futuro sem ânsia

O branco, atento,

guarda do anjo,

silente arranjo,

zela pela ágil infância

26 julho, 2006

OURIÇADO



Céu ouriçado
Vestuário cor de ouro
Um silêncio gago

Estouro do imaginário
No estuário
Que é lago
Do azul ao amarelo
A brisa é afago
flutua o belo
Ouriversado

Lindo aquário
fiel depositário
de tudo que cago


24 julho, 2006

23 julho, 2006

HORA DA NOVELA



Na hora da novela
Tanta coisa acontece
Os degraus, absortos,
Aguardam os próximos passos
Suportam o peso das consciências
Que se dirigem à igreja
As pedras, supostamente inertes,
Refletem,
Trazem a luz
Que os degraus tragam.
Postado no topo, o sentinela
Espalha clareza aos olhos que vêem
O que acontece na hora da novela

22 julho, 2006

AGENTE DO JÁ

está chovendo na horta
o plimpar dos pingos nos desperta
e o sono curto, corta,
acena a sorte, acerta
e derruba nossa porta






20 julho, 2006

LEDO ACERTO



e na escada da vida

cada degrau, etapa vencida,

nos coloca mais perto

do destino mais certo:

o andar de cima

19 julho, 2006

DELICADEZAS KAMIKAZES

O CÉU CAIU


Nu, vem no rio,
Dorso-ventre em curso nublatório
Corpo cor poluída
Coronária obstruída
Roupagem do contraditório
Fossem aves
Os alvos pontos que povoam
O breu das margens
E seria só uma bela imagem
Mas os porcos perscrutam,
xafurdam nos valos;
Resíduos de embalagens
Residem, grasnam, mergulham,
migram, piam, voam
Com seus bicos e penas de miragem

18 julho, 2006

ACERCA DAS PEDRAS




Acerca das pedras
Desencarceradas
Das entranhas da terra
Solitariamente solidarizadas
Emuradas com esmero
Rigidamente erigidas
Canduras emolduradoras
Da constante constatação:
Gramíneas da vizinhança
Têm verdejante esperança


Quem nunca atirou uma pedra
Que cometa seu primeiro pecado

DOURADORA




BANHA-SE O SOL
LIQUEFAZENDO ARDORES
RAMIFICANDO EM FOLHAS
TRONCO, ONDAS, GALHOS, CORES
SEARA, AURA REPARADORA
LUZES, BRILHOS, PAZ, FULGORES
DOURADO AGORA,
HORA DURADOURA
MORADA DE AMORES


17 julho, 2006

GAIOLA


Todo o verde ostentado
Verdadeira tentação
Encantamento adiado
Atentas à redenção
Asas, cores, vitimadas
Roubados: Vôo e ação
Ave! Vozes intimidadas
Íntimas lágrimas-canção

16 julho, 2006

TEXTTOUR


Imagem aérea do Egito daqui a 200.000 de anos, após a popularização das pirâmides


ou


Detalhe da superfície de um pneu anti-derrapante e de alta performance em arrancadas

14 julho, 2006

RE PAINT

Ha, sim! Assim é
Facilíssimo
chegar a maomé





13 julho, 2006

12 julho, 2006

MURO DE MAROLAS




Mirando muro de marolas
Parede para aparar a rede
Olhos parados e demorados
Balanço, ao lançar a linha,
Que fisga, o debate no rio,
Ponta do fio, a vida molhada

11 julho, 2006

PÉTALAS TOLAS

Q
U
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R
B
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M
M
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M
E
L

08 julho, 2006

nós também estamos olhando a paisagem

07 julho, 2006

SORRISO DE AÇO















SE ÉS
ESSE
OSSO
SÓ OS
RISOS
DE AÇO
PASSA
DIÇOS
DOCES
DESSE
METAL
EXCE
DIDO
DESCEM
NAS NAS
CENTES
DA SEDE

PINGUELAS
IMAGENS
MIRAGENS
PARALELAS

06 julho, 2006

HASTE

Tesa, exata, luminosa,

Esta haste excresceu

Artesã despretensiosa,

Verte sã, veste o céu.

Orna, terna, a jornada,

É regalo, festa, é gala.

Vértice em seta, ascendeu

Pálida, esquálida, exitosa

Vendo-me a capturá-la,

Tímida, nítida, vaidosa,

Extasiada, aquiesceu

01 julho, 2006

VIA ApPIA



VI A PIA, O MONTE

O VENTO

PAVIMENTANDO A VIA

O TEMPO

APIMENTANDO A PIA

ESTAMPO O ESPANTO

ANTE A PONTE,

O TAMPO:

TOTEM DO ONTEM .
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