contorcendo o braço esguio nos lençóis azuis e densos, leito alegre, dorso bravio, delicados cachos suspensos bio-gotas chorosas, no cio das águas, cálido, intensos gozos, vazas do amor. Sorrio
Céu ouriçado Vestuário cor de ouro Um silêncio gago Estouro do imaginário No estuário Que é lago Do azul ao amarelo A brisa é afago flutua o belo Ouriversado Lindo aquário fiel depositário de tudo que cago
Na hora da novela Tanta coisa acontece Os degraus, absortos, Aguardam os próximos passos Suportam o peso das consciências Que se dirigem à igreja As pedras, supostamente inertes, Refletem, Trazem a luz Que os degraus tragam. Postado no topo, o sentinela Espalha clareza aos olhos que vêem O que acontece na hora da novela
Nu, vem no rio, Dorso-ventre em curso nublatório Corpo cor poluída Coronária obstruída Roupagem do contraditório Fossem aves Os alvos pontos que povoam O breu das margens E seria só uma bela imagem Mas os porcos perscrutam, xafurdam nos valos; Resíduos de embalagens Residem, grasnam, mergulham, migram, piam, voam Com seus bicos e penas de miragem
Acerca das pedras Desencarceradas Das entranhas da terra Solitariamente solidarizadas Emuradas com esmero Rigidamente erigidas Canduras emolduradoras Da constante constatação: Gramíneas da vizinhança Têm verdejante esperança Quem nunca atirou uma pedra Que cometa seu primeiro pecado
Mirando muro de marolas Parede para aparar a rede Olhos parados e demorados Balanço, ao lançar a linha, Que fisga, o debate no rio, Ponta do fio, a vida molhada